sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

#0049 - Física às margens do Código de Trânsito Brasileiro (I) - Art. 29, parágrafo 2o, capítulo III ou "No trânsito, quanto mais massa e velocidade, maior é a responsabilidade!"

 Atualmente, acidentes de trânsito matam quase um milhão e meio de pessoas em todo o mundo, por ano! * E não estão contabilizadas aí as vítimas não fatais. Aquelas vítimas que carregam sequelas decorrentes de acidentes de trânsitos. Sequelas que as debilitam por longos períodos de tempo e, às vezes, permanentemente!
 Acidentes de trânsito estão entre as 10 principais causas de mortes no mundo, juntamente com doenças como a Aids, o câncer e os problemas cardíacos. Projeções apontam que, seguindo o ritmo atual, os acidentes de trânsito passarão a figurar entre as 5 principais causas até 2030! *
 Com o objetivo de reduzir à metade esses números alarmantes - salvando, assim, pelo menos 5 milhões de vidas até 2020 - a Assembléia Geral das Nações Unidas instituiu esta década em que vivemos (2011-2020) como a DÉCADA DA AÇÃO PARA A SEGURANÇA NAS ESTRADAS. * 

* Todos estes dados, bem como o gráfico abaixo, aparecem em SAVING MILLIONS OF LIVES, publicação da WORLD HEALTH ORGANIZATION, para a DECADE OF ACTION FOR ROAD SAFETY 2011-2020. É um documento pdf que você pode visualizar e até baixar, clicando aqui.

 Um Plano Global de Ação* foi elaborado, baseado em cinco pilares:

Pilar 1: Gestão da segurança do trânsito

Incentivar a criação de parcerias multi-setoriais e a designação de organismos-piloto, tendo a capacidade de desenvolver e conduzir a elaboração de estratégias nacionais de segurança do trânsito, incluindo os planos de ação e os objetivos, baseados na coleta de dados e em estudos adequados para avaliar a concepção das medidas corretivas e para supervisionar a sua execução e a sua eficácia.

Pilar 2: Estradas mais seguras e mobilidade


Aumentar a segurança inerente e o caráter protetor das redes viárias em relação a todos os usuários, particularmente os mais vulneráveis (em especial, os pedestres, ciclistas e motociclistas). Isto necessitará a avaliação das infra-estruturas viárias e uma melhor consideração da segurança no planejamento, na concepção, na construção e na operação das vias.


Pilar 3: Veículos mais seguros


Incentivar o uso generalizado das tecnologias comprovadas de segurança dos veículos, para a segurança passiva e a segurança ativa, por uma combinação da harmonização das normas globais correspondentes, dos esquemas de informação do consumidor e dos estímulos para acelerar a utilização de novas tecnologias.


Pilar 4: Usuários de rodovia mais seguros


Desenvolver programas completos para melhorar o comportamento do usuário do trânsito. Controle mantido ou acentuado da aplicação das leis e das normas, combinado com a educação e a sensibilização do público, para aumentar as taxas de uso do cinto de segurança e do capacete, e para reduzir a prática de dirigir em estado de ebriedade, o excesso de velocidade e outros fatores de risco.

Pilar 5: assistência às vítimas



Aumentar a capacidade de resposta às emergências decorrentes de acidentes e melhorar a capacidade do sistema de saúde e dos outros sistemas envolvidos a fornecer o tratamento emergencial adequado urgente e, em mais longo prazo, a reabilitação das vítimas de acidente.
*Tradução feita pelo site Vias Seguras, a partir do documento oficial GLOBAL PLAN FOR THE DECADE OF ACTION FOR ROAD SAFETY 2011-2020. O link da tradução está aqui, e o documento original, em pdf para visualização/download pode ser encontrado aqui.

 Releia o "pilar 4". Lá está escrito "EDUCAÇÃO": "Educação... do público, para aumentar as taxas de uso do cinto de segurança e do capacete, e para reduzir a prática de dirigir em estado de ebriedade, o excesso de velocidade e outros fatores de risco". Minha mente lê esse parágrafo assim: "público = crianças, adolescentes, pais, instrutores e fiscais de trânsito, professores, professores de Física, alunos, motoristas veteranos, motoristas sem habilitação, vítimas de acidentes de trânsitos, familiares de vítimas de acidentes de trânsito; cinto de segurança = inércia; capacete = impulso e quantidade de movimento; ebriedade = tempo de reação; velocidade = energia cinética; fatores de risco = grandezas físicas são relevantes no ato de dirigir"!
 A partir disso, estou iniciando aqui no FÍSICA MARGINAL - tanto aqui no blog, quanto no facebook e no Twitter - a leitura do Código de Trânsito Brasileiro.*  TODO ELE, com suas duas centenas de páginas, duas dezenas de capítulos e mais de três centenas de artigos! Vamos ver o quê minha mente conseguirá ler no documento. Como sempre - e porque essa é a proposta do blog -, publicarei aqui todas as anotações que fizer às margens do CTB. Começando agora, pelo 2o parágrafo, do artigo 29, no capítulo III.

* O Código de Trânsito Brasileiro - CTB - pode ser visualizado e baixado a partir do site do DENATRAN, na íntegra. Esse é o link da versão que eu estou lendo.

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Física às margens do Código de Trânsito Brasileiro

No trânsito, quanto mais massa e velocidade, 
maior é a responsabilidade!
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"MINISTÉRIO DAS CIDADES 
CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO 
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO


Código de Trânsito Brasileiro


CAPÍTULO III
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA



Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:

XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão preferência de passagem sobre os demais, respeitadas as normas de circulação.

§ 2o Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres." #
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 Toda semana faço a viagem Fortaleza-Sobral-Fortaleza, no Ceará. Às vezes de ônibus, às vezes de carro. Ônibus pra lá, só da Expresso Guanabara. Quando estou de carro, é um Honda Fit. O ônibus tem uma massa próxima dos 20 000 kg; o carro, uns 1 000 kg.* Isso quer dizer que, andando à mesma velocidade - digamos, 60 km/h, dentro da cidade -, o ônibus possui uma quantidade de movimento (que é o nome dado ao produto massa-velocidade) 20 vezes maior que a do carro.
* Dados do ônibus: a marca eu vi no site da Expresso Guanabara e o peso, e outras especificações técnicas, no site da Mercedes-Benz, neste link aqui. Dados do Fit: todas as especificações técnicas deste excelente carro eu vi neste link do site da própria Honda. 








 Vou explicar o que isto significa: em caso de colisão (frontal, traseira, lateral ou com objeto fixo), de engavetamento, de saída da pista, de tombamento, capotamento ou atropelamento*, são as forças exercidas sobre as pessoas, pelos corpos envolvidos no acidente - veículos, outras pessoas, objetos soltos, obstáculos fixos etc -, empurrando-as, puxando-as e machucando-as que determinam os danos causados no impacto. 
 E as intensidades dessas forças são determinadas, também, pela massa e pela velocidade do veículo - em outras palavras, sua quantidade de movimento. 
 A relação quase certa é: quanto maior a massa e a velocidade - entenda-se "quanto maior a quantidade de movimento" -, maiores as forças exercidas na colisão e, consequentemente, maiores os estragos.
 Fica claro, portanto, porque os de maior porte devem ser sempre responsáveis pelos de menor porte - entenda-se "os de maior massa são responsáveis pelos de menor massa" - e porque os motorizados são responsáveis pelos não motorizados - ou seja, os mais rápidos são responsáveis pelos mais lentos. Resumindo: os de maior quantidade de movimento são responsáveis pelos de menor quantidade de movimento. Por isso mesmo, todos os veículos, motorizados ou não, são responsáveis pelos pedestres. Os pedestres que, de todos os corpos circulantes no trânsito, têm a menor massa e deslocam-se com as menores velocidades!
* os tipos de acidentes de trânsito, tal como listados pelo DENATRAN no documento IMPACTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO NAS RODOVIAS BRASILEIRAS. Documento este elaborado em conjunto com o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Leia o documento aqui.


# Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: incolumidade s.f. 1 qualidade ou condição de incólume 1.1 isenção de perigo, de dano; segurança1.2 DIR. PEN. situação do que está protegido e seguro SIN bem-estar, salubridade, segurança.


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Idelfranio lendo - pelo menos em parte - o texto acima. 
[Ouça esta e outras leituras em www.gengibre.com.br.]